23 de setembro de 2010

A HISTÓRIA DO CINEMA EM SUMARÉ, COM SALGADINHO E BOLINHO DE CHUVA


Momentos nostálgicos de uma época em que se privilegiavam os amigos, as reuniões de fim de semana, o passeio noturno que levariam até o cinema da cidade, a pé mesmo, sobre a luz do luar. As conversa no final da exibição de cada filme e até mesmo a divisão do lanche entre os familiares, pães feito por eles próprios, muitos italianos, que deixava a sala de exibição repleta de migalhas, era o ponto de encontro na época para jovens e adultos. Hoje não há como não fazer uma comparação entre a pureza e o realismo dos filmes da época com sua naturalidade e emoção, onde os atores mostravam uma cena de beijo com muito romantismo, e mesmo com a chegada do som e a introdução do cinema falado, por muito tempo se manteve essa magia no nosso cinema. Mas, mudaram os telespectadores, o investimento, a tecnologia e principalmente o olhar sobre a capacidade que tem o filme sobre a vida das pessoas.


Os filmes antes eram transmitidos por partes e até comercializados referindo se a quantidade de partes existente em cada filme como é o caso de (Joana D´Arc – Super produção,12 partes com Geraldine Farrar e Wallace Reid) como está em um anúncio da época. As empresas que traziam os filmes para o Brasil produziam um semanário chamado “Cine Repórter” que relatava todas as novidades do mundo do cinema, sua primeira edição aconteceu em 23 de junho de 1934 e era distribuído via correio aos seus clientes, a Sociedade Italiana primeira sala de exibição em Sumaré recebia esses semanários.
Os primeiros documentos afirmam a existência de exibições de filmes por volta de 1913 em Sumaré, quando ainda era Vila Rebouças, distrito de Campinas, só mais tarde veio a mudar de nome depois da emancipação, pois já existia no Paraná uma cidade com o nome Rebouças e uma lei na época não aceitava duas cidades com o mesmo nome. Como na época existia uma orquídea azul pela cidade que se chamava Sumaré, decidiu então dar esse nome.


Relato em um documento histórico consta no registro público de Imposto de Ambulantes uma licença a Sebastião Raposeiro para exibição de filmes, no mês de agosto do mesmo ano, e que ele o renovava a cada 30 dias. Só então após seis anos é que consta uma nova licença concedida há Theodoro Tadini, conforme está no livro Uma História de Sumaré. Da Sesmaria à Indústria, Francisco Antonio de Toledo, produzido no ano 1995.


O cinema em Sumaré tem sua grande história marcada por volta de 1928, quando havia projeção de filme aberto a população, o aparelho era de Justino França que no mesmo ano o vendeu para a Sociedade Italiana que o instalou na sede. O pedido para o cancelamento da autorização das exibições de Justino França deixa bem claro que não houve prejuízo com as primeiras exibições em Sumaré e que era possível sim ter algum lucro, mas que naquele momento ele e o sócio não queriam tocar mais o negócio, a Sociedade Italiana passou então a exibir os filmes. Conforme documentos que mostram o seu pedido de cancelamento de licença.


A sociedade recebia muitos artistas que vieram de fora para se apresentarem em Sumaré, o salão era alugado, para festas, encontro entre os sócios, foi utilizado por médicos e dentistas que vieram de fora para atender seus clientes e aproveitava para usar o salão da Sociedade Italiana. As famílias se reuniam sempre aos domingos, os imigrantes de origem italiana eram da família Noveletto, Guidotti, Biancalana, Franceschini, Foffano, Bosco, Basso, Breda, Montanher, Menuzzo, Ravagnani.


Mas, é a família Pedroni e quem tem grande participação na história do cinema de Sumaré, já que Henrique Pedroni comprou o aparelho de projeção alguns anos depois, da própria Sociedade Italiana, e passou a gerenciar as exibições na época por muito tempo. Assim que Henrique Pedroni comprou o aparelho de projeção de filme à direção da Sociedade Italiana enviou um comunicado aos seus sócios dizendo que havia arrendado a sala de cinema e que não pertencia mais a Sociedade Italiana. Comunicado relatado em um caderno de registro da Sociedade Italiana e esta nós arquivos da Associação Pró-Memória de Sumaré.


Nos dias de hoje a história do cinema em Sumaré é parte de momentos memoráveis na vida de antigos moradores da região como é o caso da dona Anita Pedroni de 83 anos. Dona Anita tinha apenas 10 anos quando viu pela primeira vez os filmes. “A gente ficava alucinada porque nunca tinha visto nada igual, nem a televisão ainda existia por aqui a princípio os filmes rodava 5 minutos e depois parava para o operador enrolar as fitas e depois continuava naquela época tinha muitos filmes de Cowboy”. Dona Anita costumava ir ao cinema com os pais e assim que começou a namorar passou a ir com o namorado e lembra com muita alegria dos velhos tempos.


A cidade passou então a ter dois clubes com a chegada do Clube Recreativo e Esportivo Aliança, fundado em 12 de maio de 1918, também realizava apresentações de filmes. Havia uma certa rivalidade entre os sócios da Sociedade Italiana e do Clube Recreativo quem era sócio de um não podia participar do outro. Quem conta é seu Geraldo Barijan de 84 anos, seu Geraldo descendente de italiano era freqüentador assíduo do cinema desde suas primeiras apresentações na Sociedade Italiana, costumava ir a todas as sessões que aconteciam a princípio todos os domingos á noite das 20 h ás 21h. Cada família que era sócia tinha uma fileira marcada para sua família com nome e era toda coberta por tecidos finos.

 Por volta de 1951, Sumaré tem um novo recomeço em sua história sobre as salas de cinema, o Cine São José que também funcionou na antiga sede do Clube Recreativo e depois em um salão perto da Estação da Paulista. Quem gerenciava era um casal que veio da cidade de Limeira, Eussa Lima Gianini e Hermani Gianini,o dono do prédio era Ernesto Biondo. Em 1960 Hermani conseguiu comprar as máquinas e os móveis do cinema e como era um apaixonado por cinema deu continuidade enquanto pode, pois Hernani morreu no dia 07 de abril de 1977. Tinha ido à Estação buscar filme e acertar contas quando, distraído foi atropelado por um caminhão, foi então que em 1981 sua mulher o vendeu para Roberto Ravagnani . Assim que comprou, Roberto Ravagnani mudou totalmente o cinema e suas instalações inclusive o nome para Cinema Rovani, porém a concorrência da televisão e os vídeos e a mudança de comportamento do jovem que não valoriza mais o ambiente do cinema e buscam outro tipo de diversão ou o próprio cinema do shopping fez que o cinema sem lucro acabasse fechando suas portas em 1989.


Durante aproximadamente 8 anos Sumaré ficou sem cinema, mas quando não se esperava mais pelo cinema de rua, foi inaugurado o Cine Sumaré que busca vencer vários obstáculos e concorrentes de peso como internet, baladas, shoppings, bares, Lan –houses, DVD e outros atrativos que não seja o cinema.

Um comentário:

  1. saudade do cine Rovani, hoje cine sumaré ; assisti muitos filmes no Cinema Rovani, GILSON MARQUES RADIALISTA

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